sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Messianismo Bastardo

" Conhecemos a história de um autômato construído de tal modo que podia responder a cada lance de um jogador de xadrez com um contralance, que lhe assegurava a vitória. Um fantoche vestido à turca, com um narguilé na boca, sentava-se diante do tabuleiro, colocado numa grande mesa. Um sistema de espelhos criava a ilusão de que a mesa era totalmente visível, em todos os seus pormenores. Na realidade, um anão corcunda se escondia nela, um mestre no xadrez, que dirigia com cordéis a mão do fantoche. Podemos imaginar uma contrapartida filosófica desse mecanismo. O fantoche chamado "materialismo histórico" ganhará sempre. Ele pode enfrentar qualquer desafio, desde que tome a seu serviço a teologia. Hoje, ela é reconhecidamente pequena e feia e não ousa mostrar-se."

Walter Benjamin


       As revoluções socialistas ateias do século XX contrabandearam da tradição messiânica judaico-cristã o discurso da libertação dos pobres e oprimidos e da instauração do reino da liberdade. Tornaram-se caricaturas grotescas e totalitárias do reino messiânico. O sol da justiça prometido por essas revoluções metamorfoseou-se
em uma catástrofe que produziu milhões de mortos e em sociedades sem liberdade. Dostoiévski denunciou profeticamente essa impostura no romance Os Demônios. 

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